quarta-feira, 15 de abril de 2009

SEMINÁRIO DE CULTURA POPULAR NO VALE DO JEQUITINHONHA - ITAOBIM


Nos dias 27, 28 e 29 de março de 2009 aconteceu em Itaobim, MG o Seminário de Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha, o qual foi organizado pelo Instituto Sociocultural Vale Mais Jequitinhonha com o intuito de fortalecer e organizar tão importante movimento popular, e principalmente, debater a respeito da realidade cultural da região e suas expectativas de transformação.Eu, Marileide Alves Pinheiro e Nina Almeida estávamos orgulhosamente representando Taiobeiras.
Estavam presentes neste evento representantes culturais de várias cidades da região e também artistas, produtores e agentes culturais de Montes Claros, Belo Horizonte, São Paulo, inclusive estudantes da Argentina. Foi um verdadeiro intercâmbio cultural e de bons momentos para a integração da nossa cultura.
O Vale do Jequitinhonha, região de maior expressão cultural do estado de Minas Gerais, agrega em suas manifestações uma gama enorme e diversificada no âmbito da cultura popular. São congados, folias de reis, catopês, bois de janeiro, marujadas, sem contar o rico artesanato produzido por seus artesãos, a música, a literatura e o teatro.
A mesa redonda intitulada “Mestres do Jequitinhonha” teve início com a fala da mestra bonequeira e uma das expressões mais importantes na arte da cerâmica, a artesã mundialmente conhecida, Dona Isabel, de Santana do Araçuaí. A mestra falou da sua experiência com o barro, da sua infância e da sua arte.
Frei Chico, fundador do Coral Trovadores do Vale, escritor, pesquisador, falou sobre a importância da cultura popular do Jequitinhonha. A mediação da mesa foi feita por Guilardo Veloso, fotógrafo e produtor cultural.
Alice Braga, da Faop - Fundação de Arte de Ouro Preto fez uma explanação a respeito do projeto Resgate Cultural no Jequitinhonha, enfocando a arte de ofícios em quatro cidades do vale : Araçuaí, Itinga, Jequitinhonha e Itaobim.
Tadeu Martins, poeta, cordelista, versou sobre a história do vale a partir da fundação do jornal Geraes e da realização do primeiro Festivale, durante a ditadura militar no Brasil.
No domingo os trabalhos foram abertos com um grande forró capitaneado por Balim da Sanfona, sanfoneiro de Itaobim. Após a festa de confraternização a mesa composta por Andréia Duarte, Lourival Brito, Maria de Loudes Amorim e o ditetor do Instituto Valemais, Vilmar oliveira, teve o objetivo de apresentar os resultados dos cursos de formação cultural realizados nas cidades de Turmalina, Jequitinhonha e Araçuaí. Os cursos de formação levaram informações de como escrever projetos culturais através das leis de incentivo à cultura, para centenas de pessoas do alto, do baixo e do médio Jequitinhonha.
O seminário terminou com a formação de grupos de pessoas interessadas em implementar projetos de divulgação da cultura do vale.
Durante o seminário foi lançada a revista Nosso Canto Vale Mais Jequitinhonha, acompanhada de um cd com músicas de artistas da região. As revistas foram distribuídas para as rádios e bibliotecas públicas do vale, como fonte de pesquisa.



Marileide Alves Pinheiro


sábado, 4 de abril de 2009

Taiobeiras, Alta Minas

Soberana,
terra linda
solo fértil de planície.
Colo quente de menina
que cresce e seduz
no coração de Minas.

É Norte
que tem futuro
que fascina.
Tem lagoas
“como um pântano”,
de aguas cristalinas.

Majestoso Rio Pardo

um lindo balneário
de areias claras e finas
igarapés do Tocão,
do Grama e da Usina.

Seu povo hospitaleiro
que ama e ensina,
como viver na paz
de uma nuvem
que passa lá encima.

Gente forte que tem raça
não tem cor,
Tem artista cantor.
Tem brisa garoa,
pinga boa,
povo alegre e trabalhador.

Cerrado do ouro vegetal
que seus filhos alimentam
de seus frutos colossais:
pequi, maracujá,
imensos cafezais.

Somos ricos de idéias.
Seremos infinitos.
Em ações iremos
à luta, avanteos nossos brasões.

Beleza fluente num
coração ardente
em que tudo se esmera.
Ó minha terra
Ó minha terra.

Generosa, mãe terra.
Tu és mais que
um povo encantador.
Quem aqui nasce
Não te esquece jamais.


Wilson do Carmo Pinheiro
(Wilson é irmão de Marileide A. Pinheiro. Fez este poema em homenagem ao aniversário de 50 anos de emancipação de Taiobeiras, MG,sua terra natal.)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Poesia: MEU NOME

Quando criança
Em minha querida infância
Eu odiava meu nome
Pois queria ter qualquer outro


Ser Maria, ser Elaine,
Ser Carla, ser Adriana
Ser isso ou ser fulana...


Era um mundo tão pequenino
para uma menina tão cheia de sonhos.


De repente meu avô indagou
O motivo de tanta tristeza


E eu, pequenina de olhinhos
afogueados como brasa em chama
falei do meu desassossego


Mais que depressa
com um sorriso na testa
meu avô me abre um leque
mostra-me como é lindo
ter um nome tão formoso


Ele diz: __ “Mar” vem de grandeza
e “Leide” vem de princesa.


Neste instante tão puro
ao mesmo tempo tão sublime
Sentir-me flutuar num castelo
mais belo e colorido do mundo


__ Seria eu assim tão importante?
__ Claro que sim, pois tudo que acreditamos
um dia pode tornar-se realidade.


Logo pensei: __Eu acredito.

CONTO DA TAIOBAS - ORIGEM DO NOME TAIOBEIRAS

Conta-se que há muito, muito tempo atrás, um certo lavrador que era um senhor muito sério e trabalhador, queria se casar. Mas onde ele morava não havia nenhuma moça disponível. As mulheres que lá havia ou já eram comprometidas ou eram muito crianças ainda. Como o lavrador já estava numa certa idade, ele queria urgência. Então resolveu sair pelo mundo a fora à procura de sua amada. Andou... Andou... Andou... Chegava num lugar, perguntava e nada. Chegava noutro e perguntava e nada. Assim foi passando dias e noites, noites e dias e o pobre lavrador ainda não tinha conseguido encontrar a sua amada e terem os seus filhos que ele tanto sonhara.
Certo dia, quando já estava quase desistindo de tudo, parou perto de um pequeno córrego para beber água e descansar. Percebeu que por ali tudo era muito triste como ele também se sentia. As poucas árvores que lá havia estavam secas, sem folhas, sem frutas, sem vida. Mesmo assim, resolveu se deitar perto de uma árvore, se escorando numa pedra que havia por perto. Começou a cochilar e logo adormeceu de tão cansado.

Enquanto ele dormia, acabou sonhando. Sonhou que estava correndo e nunca conseguia chegar aonde ele queria. No momento que estava bastante ofegante de tão cansado ele viu uma linda moça no meio de uma plantação bem verde, com folhas grandes que balançavam, balançavam produzindo uma deliciosa brisa fresca.

A linda moça estava com um lindo e longo vestido verde da mesma cor da plantação. Tinha os cabelos negros, longos e cacheados, soltos ao vento e repleto de flores perfumadas. Chamava-o para perto dela. As suas pernas se acabaram e quando se assustou, percebeu que havia algumas flores perfumadas do cabelo daquela moça encima da pedra em que ele estava escorado, descansando. O lavrador esfregou os seus olhos e ficou ali sentado imaginando encontrar realmente aquela moça: “Aquela sim era a moça que eu sempre sonhara para viver o resto de minha vida”.
Tempos depois, estava passando perto dali uma linda moça, morena, de cabelos longos e cacheados. Ao ver toda aquela plantação de taioba sentiu-se atraída e encantada pela beleza desta planta. Ela se aproximou da casa do lavrador, os dois se apaixonaram se casaram e ela ficou por lá morando com ele.

Depois disso, resolveu que iria fazer a sua morada perto daquele pequeno córrego na esperança de um dia encontrar a moça de seus sonhos. Passou a cuidar das águas e das plantas que ali havia. Construiu a sua casinha exatamente ao lado daquela pedra onde adormecera. Quando chegou o período das águas, naquele lugar começou a brotar uma planta igual àquela que ele havia sonhado; folhas grandes e verdes. Deu-lhe o nome de “taioba”. Sua batata (raiz) foi entremeando pelo solo úmido, se espalhando à margem do córrego e se tornou uma grande plantação verde, muito bonita.

Perceberam que aquela planta era comestível. Poderia comer tanto as suas folhas quanto a sua batata (raiz). Foi assim que passaram a fazer delicioso ensopado de taioba com carne de sol, biscoitos com o polvilho da taioba, caldo verde com torresmo e muitas outras guloseimas...

Dizem que quanto mais o amor deles aumentava, a plantação de taioba aumentava mais ainda. Foi assim que por algum tempo, toda essa região ficou conhecida como “Sítio Bom Jardim das Taiobeiras”. Muitos tropeiros, viajantes que passavam por aqui se sentiam também atraídos pelo lugar, gostaram tanto que muitos foram ficando. Muito tempo depois este mesmo lugar se tornou uma linda cidade que recebeu o nome de TAIOBEIRAS.
MARILEIDE ALVES PINHEIRO

(Este conto foi baseado em muitas outras estórias que já ouvi de meus pais e avôs quando ainda era criança).

Contodas Taiobas - Origem do nome Taiobeiras